quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

CIÚMES DO BEM?


Não tem jeito. Entre dois irmãos, uma hora ou outra o ciúmes vem. Estamos vivendo o ciúmes meio tardio da Yasmin pelo Giovanni. Talvez nem tão tardio assim. Talvez só a fascinação da chegada do irmão tenha passado, e agora ela esteja sentindo que dividir a atenção, o tempo e o colo dos pais não é tão legal assim como parecia.

Uma fase? Tomara que sim.

A Yasmin ama o irmão de paixão, não resta dúvidas. Mas nos últimos tempos ela tem sentido um pouco o peso de ser a irmã mais velha. A sensação que ela tem parece ser a de que o Gio traz muita coisa boa pra ela, mas também tira.


Nós procuramos dar o máximo de atenção possível, mas sem paranóia. É até natural que a atenção diminua com o passar dos anos, e nem tanto pela chegada do segundo filho, mas porque a criança está crescendo e precisa aos poucos aprender a se virar. A largar as fraldas, a comer sozinha, a beber no copo e não no canudinho, etc. Mas quando no meio destas mudanças chega em casa um bebê, tão dependente e tão cercado de cuidados, é normal que a criança pense que usar as fraldas, ganhar comida na boca etc, é uma forma de manter os pais próximos e fazer a divisão de atenção mais 'justa'.

Mas as mudanças não podem parar com a chegada do segundo filho. Tudo tem que tomar seu curso natural. Porque senão ela se torna uma criança arbitrária, que acredita ter autoridade pra controlar os pais, dizer pra eles o que fazer.

Verdade seja dita, as vezes tais mudanças realmente ficam mais lentas. Ela estava praticamente 'fora' das fraldas, mas quando o Gio estava pra nascer e também nos primeiros meses após o nascimento dele, a Yasmin se recusava em deixa as fraldas de vez. Ela também estava começando a comer sozinha, mas recuou nisto também.

No início até estranhei a total falta de ciúmes da Yasmin. Ela estava encantada com o irmão, com a situação. Ainda está, mas também já reclama. Não do irmão, mas de nós.

No início quando eu estava trocando a fralda do Gio, por exemplo, e ela vinha com um livrinho pra eu ler, eu dizia que era pra ela esperar até a mamãe terminar de fazer o que estava fazendo. Ela concordava, sentava e esperava. Hoje em dia não. Ela pede, eu peço pra esperar, ela pede de novo e de novo. Eu procuro não discutir, ela fica um pouco irritada, e às vezes até um pouco agressiva ao ponto de que, quando termino o que estava fazendo e ofereço pra ler o livrinho, ela diz que não quer mais e o joga longe. Sei que é pra chamar minha atenção, mas lidar com esta situação nem sempre é facil.

Ainda bem que o ciumes dela não se volta em momento algum contra o irmão. Quando ela nao se irrita com nós, como neste caso, ela age como um bebê. Isto é conhecido em muitos casos assim. Li bastante a respeito. Mas criança não vem com manual de instrução... não dá pra aplicar uma regra a todos os casos.

Penso que tenho nestes momentos 3 alternativas. Todas elas trazem seus pros e contras.

1- Entrar no clima. Agir com ela como se ela realmente fosse um bebê. Pegar no colo, dizer que é o nenem da mamãe, dar o suquinho como se fosse mamadeira, etc. Assim preenche a falta de atenção que a criança está sentindo naquele momento, mas corre-se também o risco desta brincadeira virar uma mania, e a criança sentir que assim ela consegue o que quer, e por isto vai repeti-la por várias vezes ao dia.

2- Ignorar a criança quando ela está agindo assim. Ao ter uma atitude ignorada, a criança geralmente pára de agir desta forma. Mas como o ciumes é uma emoção da qual ela precisa se livrar, vai acabar fazendo de outra maneira. Isto pode fazer com que ela se torne contra o irmão mais novo, que é - pra ela - o causador de tais mudanças.

3- Conversar, xingar. Dizer que não é legal o que ela está fazendo. Que o papai e a mamãe querem que ela seja a menina linda de sempre, e não um bebê. Que eles a amam assim, do jeitinho que ela é. Não sei se é viável tentar explicar isto pra uma criança de 3 anos. E pode fustra-la e deixa-la ainda mais irritada. Além do que xingar também não é bom, porque a criança acaba conseguindo o que quer: atenção. E atenção seja ela boa ou ruim, é sempre atenção.

Já usei as 3 opções, e na minha opinião a escolha entre uma ou outra depende do momento, da situação, e da criança. E escolher a opção menos apropriada pro momento é algo que acontece. Quem dera mãe não errasse nunca.

Mãe fica com o coração partido, achando que está errando em tudo. Achando que a carência do filho é justa, que está dando mais atenção pra um do que pra outro. E acaba virando uma paranóia. Evitar dar muito carinho pra um na frente do outro, e por aí vai. Mas ambos merecem atenção, carinho, colo. E principalmente na frente do outro. Assim a gente só cria um ambiente familiar saudável. Quando esta neura passa, a gente descobre que abraçar e beijar filho sem culpa é muito bom.

Já as outras atitudes, aquelas que faziam parte da mudança que estava começando a ficar meio lenta, estas estão novamente caminhando bem. Ha mais de um mês que a Yasmin come sozinha, e fralda só daqueles modelos calcinha, que ela mesmo tira quando vai ao banheiro e coloca novamente. Finalmente ela esta mais interessada em ser uma mocinha grande do que ser um bebê pra disputar a atenção com o irmão. Pelo menos nestes quesitos. Quanto ao resto, a gente vai levando, errando e acertando. É fase e uma hora vai passar.

Quando nós finalmente conseguimos aprender a viver com esta situação, resta apenas curtir a sorte de ter dois filhos lindos, saudáveis, maravilhosos e que nos amam e se amam também.