Eu sempre imaginei que criar filhos, sendo o pai e a mãe de países (e principalmente culturas) diferentes, seria uma missão complicada. Me enganei. É muito mais do que complicado. Chega às vezes à margem do impossível.
Assim sendo, o mais correto é entrar em acordo. Fácil de falar. Possível de fazer, mas também complicado. Ele cresceu sob uma cultura totalmente inversa à que eu cresci. Ele ouve conselhos da mãe, da avó, que fizeram diferente da minha mãe, da minha avó. Eu acho que fui o lado que mais abriu mão nestes anos todos. Mas existem também as coisas das quais eu não abro mão. Umas o Daniel respeita, outras a gente leva várias discussões pra chegar no tal 'acordo'. O problema é que estas discussões acabam desgastando o relacionamento. A gente tenta ficar atento a isto. Mas acontece com todo mundo.
Pra educar filhos, não existe um manual. A gente, quando ainda tem planos de ter filhos, ou quando estamos aguardando a chegada deles (filhos), senta e conversa sobre possíveis pontos de discordância, e o que devemos ou não devemos fazer. Mas na prática não funciona sempre.
Por exemplo, sempre dissemos um pro outro: "se você discorda de algo que eu falei pra Yasmin fazer, ou não fazer, depois a gente conversa. Jamais diga isto na frente dela. Jamais tire minha autoridade." Isto é o ideal, mas as vezes quando vemos, já era.
O que acaba-se criando é que a criança, que percebe esta discordância, abusa da situação. Se a mamãe criticou o papai porque este me impediu de fazer algo, é pra ela que vou correr, e vice-versa. E eles percebem isto mais cedo do que a gente imagina.
Facil seria se desse sempre pra fazer de conta que concordamos, e ainda sim conseguir fazer a nossa maneira, como dia destes. Giovanni estava caindo de sono, e choramingando no colo do Daniel. A TV ligada super alta. O Giovanni, nem ninguém, conseguiria dormir com aquela barulhada. De tanto sono, o choramingo ficou choro mesmo, e o Daniel:
- Traz o remedinho do dente dele pra mim?
Eu:
- Ele tá é com sono, e não com dor de dente. Abaixa o volume da tv senão ele não dorme.
Ele:
- Tá, traz o remedinho que eu abaixo o volume da tv.
Feito. Em poucos minutos o Giovanni dormiu.
Eu fiquei pensando: "Finalmente o menino conseguiu dormir sem aquela barulhada, e o Daniel ficou satisfeito porque acha que é o remedinho pro dente que resolveu o problema." E o Daniel no mínimo pensava: "Agora sem dor de dente o Giovanni conseguiu dormir. Tudo bem que pra isto tive que abaixar o volume e deixar a mãe dele achando que ela sabe de tudo."
Pois é, então.
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2 comentários:
Oi Rose, adorei o seu blog, e concordo com cada palavra que voce escreve sobre a dificuldade de se criar filhos com pais de diferentes culturas. Agora voce pode imaginar um pouco como é a situacao aqui em casa, com tudo isso que voce falou acrescentado da fase da adolescencia do Andre......hehe....mas gracas a Deus, as coisas estao indo bem agora. Todos felizes. Um beijo, Sandra
Ai Rose que coisa heim? Eu estou pretendendo ficar grávida em 2008 e sei que vou ter meus perrengues também.
Força aí.
Beijinho,
Mariana
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